Economia circular – start-ups de sucesso em toda a Europa
Para ajudar a compreender como uma start-up circular introduz ideias inovadoras no mercado, com base no modelo EC, apresentamos vários casos de sucesso. Ao ler estes exemplos poderá pensar como criar ou transformar o seu modelo de negócio num modelo de EC e/ou como medir o nível de inovação que é produzido quando começa a utilizar o modelo de EC na sua start-up.
Mimica (www.mimicalab.com/)
Com rótulos de design inteligente que prolongam o prazo de validade dos alimentos frescos, a Mimica é uma start-up que visa tornar o sistema alimentar mais sustentável. Um dos maiores problemas enfrentados pelos sistemas alimentares sustentáveis é que todos os aspetos da cadeia de abastecimento alimentar resultam em desperdício. As embalagens têm por objetivo evitar que se deitem fora alimentos nutritivos!
“São definidas datas de validade, mas a verdade é que a nossa comida dura mais do que as datas pré-definidas, pois as datas são encurtadas para proteger os clientes face à improvável ocorrência de problemas na cadeia de abastecimento ou nas nossas casas”, disse a fundadora e diretora da Mimica, Solveiga Pakštaitė. “E isto acaba por prejudicar os retalhistas, porque penaliza a capacidade de vender nas suas lojas. Acrescente apenas dois dias na validade e podemos assistir a uma redução de desperdícios alimentares para metade nos nossos supermercados e mais ainda nas nossas casas. E quando o prazo de validade é prolongado, as vendas sobem. O prazo de validade duplica, para artigos como sumos e carne de vaca.”
O rótulo Mimica Touch diz aos clientes quando os alimentos estão num estado impróprio para consumo. Passando os dedos no rótulo, se a marca for lisa, a comida encontra-se em condições; se estiver estragada, a marca tem irregularidades.
Esta start-up é um exemplo interessante de adoção do modelo de EC.
Fonte: www.mimicalab.com/
Resortecs (www.resortecs.com/)
A Resortecs é uma start-up sediada na Bélgica e que disponibiliza uma solução para a escassa reciclagem de vestuário. Apenas cerca de 1% das peças de vestuário são recicladas, porque não estão pensadas para o serem, pois têm múltiplos componentes que precisam de ser separados, tais como fechos de correr ou botões.
A Resortecs produziu um novo material que pode ser utilizado para costurar estes componentes que se decompõem a uma temperatura elevada, permitindo que se separem facilmente e diminuindo a dificuldade de reutilização. Além disso, este material sensível ao calor só se decompõe a temperaturas muito elevadas, pelo que o tecido não é afetado quando as pessoas usam o vestuário. “O vestuário pode ser lavado e engomado”, disse o CEO da Resortecs, Cédric Vanhoeck; “o material não é danificado nesse processo”.
Fonte: www.resortecs.com/
Bundles – (www.bundles.nl/en/quality-sustainability/)
A Bundles é uma start-up que, em vez de vender máquinas de lavar roupa, disponibiliza um serviço numa base de pagamento por lavagem. A empresa mantém o controlo dos seus aparelhos e acompanha a sua utilização com um sistema que permite aos clientes acederem a estatísticas de utilização de eletricidade, água e detergente. São também fornecidas dicas sobre como maximizar a utilização das máquinas, o que pode ajudar a reduzir os custos económicos e ambientais, ao mesmo tempo que prolonga a vida útil do sistema. Quando uma máquina é devolvida à Bundles, é reparada e depois alugada a outro cliente.
Fonte: www.unsplash.com
Rotterzwam (www.rotterzwam.nl/)
A Rotterzwam é uma start-up circular que produz resíduos de café para cultivar cogumelos ostra. Embora a sua política de circularidade seja basicamente de reciclagem, incorpora muitas fontes de receitas, distanciando-se dos negócios mais tradicionais.
O fundador e CEO da Rotterzwam explica: “O modelo de negócio é complexo, uma vez que temos múltiplos fluxos de caixa, o que também nos diferencia das empresas da ‘velha economia’, pois não temos um modelo core business”. Numa primeira fase, vendem cogumelos comestíveis cultivados a partir de borras de café a restaurantes locais. Numa segunda fase, recolhem os desperdícios de café das empresas que o produzem. Em seguida, formam empreendedores de outras cidades para construir e operar o mesmo modelo empresarial de cultivo de cogumelos a partir de resíduos de café, através de e-learning e cursos online.
Várias empresas relacionadas cresceram literalmente como cogumelos nos Países Baixos graças a esta estratégia de replicação: Fábrica de Fungos em Utrecht, Westerzwam em Giethoorn e ZuiderZwam em Tilburg, entre outras. Finalmente, a start-up divulga o projeto e realiza apresentações em eventos e conferências como uma quarta fonte de receitas, pelas quais é paga.
Fonte: www.rotterzwam.nl/
Aeropowder – (www.aeropowder.com/)
A Aeropowder é uma start-up sediada em Londres e já galardoada, que produz produtos frescos a partir de excedentes de penas. O seu objetivo é produzir a partir de materiais residuais úteis. Comemos mais de 134 milhões de frangos diariamente e mais de 10.000 toneladas de penas por dia são produzidas pela indústria avícola, sendo consideradas resíduos.
Existe uma grande procura deste produto, que permite que as penas sejam integradas numa economia circular. A queratina, uma proteína quimicamente resistente e fisicamente poderosa, é feita de penas. São uma das fibras naturais mais leves da natureza, devido à sua estrutura microscópica, sendo também excelentes isoladores térmicos. O negócio foi lançado em 2016 e, graças a uma subvenção da Horizon 2020 (o maior programa de financiamento da UE), foi financiado em 50.000 € para estabelecer o seu modelo de negócio único.[2]
Fonte: www.globalinnovationexchange.org/innovation/aeropowder
Sulapac – (www.sulapac.com/)
Esta start-up localizada em Helsínquia está a inovar para redefinir a indústria de embalagem, através do fabrico de materiais como palhinhas, por exemplo, feitas de matérias-primas renováveis e madeira, sem microplásticos, sendo completamente biodegradáveis. Estes produtos criados exclusivamente por Suvi Haimi e Laura Kyllönen, podem ser utilizados como embalagem para tudo, desde cosméticos a alimentos, caixas de presentes e muito mais. Tem todas as vantagens do plástico, mas é completamente biodegradável e não deixa vestígios até ao seu desaparecimento. O negócio teve novos investimentos em 2018 e está a aumentar, com um investimento total a superar os 2.9 milhões de euros.
Fonte: https://www.quadpack.com/csr/sulapac-partnership/collection/
[1] https://circulareconomy.europa.eu/platform/en/good-practices/resortecs-solves-recycling-complexity-dissolvable-threads