“A IdC é um conceito que enfatiza a ligação de milhares de milhões de dispositivos, que têm a capacidade de interagir uns com os outros sem intervenção humana, aumentando assim a qualidade de vida e melhorando as oportunidades de desenvolvimento empresarial.”

Não existe uma definição única de IdC. Existe, no entanto, uma proposta simples, mas que ilustra bem o seu conceito, apresentada pela EY: A Internet das Coisas (IdC) é a ponte entre o mundo físico e o mundo digital. É a ligação de dispositivos – quaisquer dispositivos – à Internet, utilizando software e sensores incorporados para comunicar, recolher e trocar dados uns com os outros. Constitui uma enorme oportunidade para a sua organização, uma vez que dispositivos conectados de forma inteligente lhe dão acesso a melhor informação, o que lhe permite tomar melhores decisões.

De modo a compreender esta definição, o próprio conceito de IdC deve ser decomposto em duas partes:

Internet – que o dicionário de Cambridge define como “o grande sistema de computadores ligados em todo o mundo que permite às pessoas partilhar informação e comunicar” e Coisas – que segundo a publicação “Aplicações da IdC: Visão 2020” (Bhat et. al, 2018), são o “objeto virtual, real, móvel ou estável que retransmite continuamente informação a outros objetos”.

A própria Internet das Coisas pode ser descrita como um sistema de dispositivos/coisas/ objetos conectados que podem partilhar e comunicar entre si.

Sendo assim, como funciona a IdC?

Trata-se de ligar um elevado número de dispositivos que recolhem quantidades muito grandes de dados, que transmitem informação uns aos outros e que, finalmente, serão capazes de a analisar (todos os dados e informações recolhidas) e tomar decisões independentes baseadas nessa análise. Podemos ilustrar esta funcionalidade com dois exemplos.

Vamos assumir que os automóveis estão equipados com sensores que podem detetar onde ocorrem falhas de funcionamento. Desta forma, por exemplo, se uma das peças do seu carro avariar, o sensor enviará informação para o seu smartphone e poderá verificar qual a oficina que o pode reparar imediatamente, na área em que se encontra. Além disso, ao fazer com que todos os carros monitorizem os seus componentes, ficará claro se este é um problema num determinado modelo que precisa de ser alterado ou se é um problema comum em carros que têm esta peça específica, a partir de uma determinada data de produção. Isso permitirá informar os proprietários de automóveis que tenham também uma peça desta série de produção específica, para substituir antecipadamente a peça defeituosa.

Outro exemplo é o despertador, que o acordará mais cedo se tiver informação de que existe, por exemplo, um engarrafamento de trânsito nesse dia e que precisará de mais tempo do que o habitual para chegar ao trabalho.

E no futuro, quem sabe, um vaso que informe sobre o estado de rega da planta, que substâncias faltam no seu solo, o estado da luz solar (se a planta precisa mais ou menos), etc.

Para que a IdC funcione plenamente, necessita de acesso a uma rede de alta velocidade (5G) e ao maior número possível de dispositivos, sensores, etc., para transmitir dados e informações entre si. A IdC está a tornar-se cada vez mais popular, como vários indicadores podem demonstrar. Veja-se, por exemplo, a análise dos resultados da pesquisa do Google para o termo “IdC” que regista uma tendência clara de subida a partir de meados de 2014.

Gráfico 1. Indicador de pesquisa “IdC” no motor de busca Google

Fonte: Google Analytics

Entre outras razões para que este conceito ganhe cada vez mais popularidade está, naturalmente, o número de dispositivos ligados à Internet de alta velocidade. É muito difícil indicar um número exato, mas é possível estimá-lo. Assumindo que em 2018 existiam cerca de 22 mil milhões de dispositivos ligados à Internet, pode supor-se que em 2030 existirão cerca de 50 mil milhões (Tankovska, 2020).

Se tantos dispositivos já estão ligados à IdC, onde pode ser vista a sua utilização prática?

Um excelente modelo é apresentado pela Beencham Research (n.d.), que incluiu um mapa dos setores M2M (máquina-a-máquina)/IdC no seu site, disponível em: www.beechamresearch.com/article.aspx?id=4. O mapa mostra nove setores de serviços que incluem:

• edifícios
• energia
• consumidor e casa
• cuidados de saúde e ciências da vida
• industrial
• transporte
• retalho
• segurança/segurança pública
• TI e redes

Cada um destes setores é dividido em Grupos de Aplicação (por exemplo: Industrial, Público, Lojas), sendo depois divididos em Localizações (por exemplo: Processo, Centros de Dados, Centros Comerciais) e posteriormente listados os Dispositivos ligados (por exemplo: Câmaras Digitais, PBXs, Terminais POS) (ibidem).

No que se refere aos dispositivos típicos da IdC, estes integram todos os tipos de sensores e dispositivos inteligentes (smartphone, smart TV, rastreador de fitness) que podem enviar informações para outros dispositivos. Utilizam tecnologias como NFC, ZigBee e Bluetooth (Software Testing Help, 2020) e devem ser geríveis e atualizáveis.

Vale também a pena referir a norma de banda estreita IdC que é a tecnologia de rádio LPWAN (Low Power Wide Area Network) (Probola, 2017). Esta tecnologia permite que os sensores funcionem durante muito tempo utilizando uma reduzida quantidade de energia, necessária para que o sistema M2M funcione corretamente e não tenha impacte negativo no ambiente com um consumo de energético elevado. Paralelamente, permite a ligação de dezenas de milhares de dispositivos num único sistema.

Juntamente com a banda estreita IdC, uma das tecnologias que permite a introdução de conceitos futuros utilizando a IdC de uma forma mais avançada, como a smart city, é o IPv6.

O IPv6 é um protocolo que, embora tenha sido desenvolvido nos anos 90 do século passado, só agora está a ter bastante visibilidade, destinando-se a substituir o IPv4. As estimativas da Cisco dizem que 99% dos dispositivos não têm o seu próprio endereço IP, o que abranda e dificulta o processo de os ligar à IdC.

A ilustração seguinte apresenta uma imagem do conceito de “coisas ligadas”. Os dispositivos/sensores estão ligados à rede e uns aos outros que é um aspeto muito importante da IdC.

Fonte: Desenhado por macrovector/Freepik

Isso permite que dispositivos e sensores entrem em contacto, analisem a informação e reajam sem a necessidade de interação humana, o que é uma vantagem essencial e característica dos dispositivos inteligentes – poderem tomar decisões independentes/com base em algoritmos.

As soluções de IdC são disponibilizadas por muitos fornecedores, podendo destacar-se, a título de exemplo os três gigantes tecnológicos apresentados abaixo:

 

Google – Soluções Google Cloud IdC

Link: https://cloud.google.com/solutions/iot

Microsoft – Azure IdC

Link: https://azure.microsoft.com/en-us/overview/iot/

Amazon – AWS IdC

Link: https://aws.amazon.com/iot/

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[1] Cambridge Dictionary. (n.d.). Retrieved from: https://dictionary.cambridge.org/pl/dictionary/english/internet

[2] Bhat, Sagar & Bhat, Omkar & Gokhale, Pradyumna. (Jan, 2018). Applications of IoT and IoT: Vision 2020. 5. 36-40. 10.17148/IARJSET.2018.516.

[3] Dr hab. Senkus P. Dr Skrzypek A. Dr Łuczak M. Dr Malinowski A. (2014). Internet of Things: Past − Today – Future. Zeszyty Naukowe UNIWERSYTETU PRZYRODNICZO-HUMANISTYCZNEGO w SIEDLCACH Nr 103 Seria: Administracja i Zarządzanie. Retrieved from: https://repozytorium.uph.edu.pl/bitstream/handle/11331/445/Internet_of_things-przeszlosc-terazniejszosc-przyszlosc.pdf?sequence=1

[4] Golczyk P. (n.d.). Big-data & internet of things czyli spojrzenie w przyszłość marketing operations. Retrieved from: http://golczyk.com/big-data-internet-of-things-czyli-spojrzenie-w-przyszlosc-marketing-operations/

[5] Tankovska H. (Aug 27, 2020). IoT connected devices worldwide 2030. Statista. Retrieved from: https://www.statista.com/statistics/802690/worldwide-connected-devices-by-access-technology/

[6] Beecham Research. (n.d.). M2M World of Connected Services. The Internet of Things. Retrieved from: http://www.beechamresearch.com/article.aspx?id=4

[7] Software Testing Help. (Sep 1, 2020). 18 Most Popular IoT Devices In 2020 (Only Noteworthy IoT Products). Retrieved from: https://www.softwaretestinghelp.com/iot-devices/

[8] Probola J. (Jul 11, 2017). NarrowBand IoT rewolucjonizuje Internet Rzeczy. Forbot. Retrieved from: https://forbot.pl/blog/narrowband-iot-rewolucjonizuje-internet-rzeczy-id21330

[9] Of course by “independent” is meant based on algorithms.